Rodar na reserva faz mal mesmo? Entenda o que acontece com seu carro quando o tanque está quase vazio

Quem nunca ouviu aquele alerta: “Não ande com o carro na reserva, senão você estraga o motor!”? Esse é um dos conselhos mais repetidos por motoristas experientes e mecânicos, mas será que é verdade ou apenas mais um dos muitos mitos automotivos que circulam por aí? Afinal, dirigir com o tanque na reserva prejudica o carro? A resposta é: sim, pode prejudicar — e não é só pelo risco de ficar parado no meio do caminho.

Embora os carros modernos contem com sistemas de combustível mais eficientes e seguros, rodar constantemente com o tanque quase seco pode trazer uma série de consequências, algumas delas invisíveis no curto prazo, mas que podem causar dores de cabeça (e no bolso) mais adiante.

A primeira e mais importante questão é que o combustível não é 100% puro. Mesmo a gasolina ou o etanol de boa qualidade possuem impurezas, além de resíduos que se acumulam naturalmente no fundo do tanque com o tempo. Quando o nível do combustível está alto, a bomba suga o líquido limpo da parte superior. Mas quando o tanque entra na reserva, essa bomba começa a captar o combustível do fundo, junto com todas essas impurezas. Isso pode acabar entupindo o filtro de combustível, reduzindo a eficiência do motor e, em casos extremos, danificando os bicos injetores.

Outro ponto crítico é a própria bomba de combustível. Em muitos carros, essa peça depende do próprio combustível para se manter resfriada. Quando o tanque está muito baixo, o combustível não circula o suficiente para resfriar a bomba adequadamente. Se isso acontecer repetidamente, a bomba pode superaquecer e queimar — e o reparo não costuma ser barato. Ou seja, o hábito de “andar na reserva” pode sair bem mais caro do que encher o tanque com antecedência.

Além disso, vale lembrar que a leitura do marcador de combustível nem sempre é precisa. Em terrenos inclinados ou em curvas, o nível de combustível pode oscilar e enganar o motorista. O resultado pode ser uma pane seca inesperada, algo que não só traz transtorno, como também é passível de multa. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, parar em via pública por falta de combustível é considerado infração média e pode gerar pontos na carteira e multa.

Existe ainda um fator de segurança a ser considerado. Um carro que para de funcionar por falta de combustível pode ficar imobilizado em locais perigosos, como acostamentos de rodovias ou em cruzamentos movimentados, colocando em risco o motorista e os passageiros.

Por outro lado, é claro que, ocasionalmente, rodar com o tanque na reserva não vai causar uma tragédia mecânica imediata. O problema está na frequência. Se isso for exceção, dificilmente haverá consequências. Mas transformar essa prática em rotina pode comprometer a durabilidade do sistema de alimentação do veículo.

A recomendação de especialistas é simples: mantenha o nível de combustível sempre acima de um quarto do tanque. Essa margem é suficiente para evitar os riscos mencionados, manter o sistema funcionando com eficiência e ainda garantir tranquilidade para o motorista, especialmente em situações imprevistas ou viagens mais longas.

Portanto, a ideia de que “carro não pode rodar na reserva” não é apenas um mito. É verdade, sim, que esse hábito pode trazer prejuízos — não imediatos, mas cumulativos. E quando o assunto é a saúde do seu carro (e do seu bolso), prevenir continua sendo muito melhor do que remediar.